A trajetória do empresário Moysés, publicada na revista Exame, me fez lembrar a aula que tivemos sobre empreendedorismo. Na qual ficou bem claro que para ser um empreendedor precisa-se criar vantagem competitiva, deve-se saber estabelecer metas, obter certa teimosia, autoconfiança, senso de urgência e assumir riscos.
Após ler a reportagem pude observar como realmente uma pessoa possui características de um empreendedor. O senhor Moyses, sem dúvida, é um grande empreendedor que assumiu riscos, teve autoconfiança e usou toda sua experiência profissional na realização de um novo negócio.
Segue a entrevista, para que fiquem cientes de um exemplo de empreendimento bem sucedido:
Por várias razões, é admirável e inspiradora a trajetória do empresário gaúcho Moysés Luiz Michelon, Ele derruba o mito de que a venda de um empreendimento que levou anos para ser construído deve ser encarada como motivo de desgosto, sinônimo de fracasso pessoal ou aposentadoria compulsória. Para Michelon, que dez anos atrás passou pelo mesmo processo que tantos pequenos e médios empresários vivem agora, desfazer-se do negócio acabou se revelando algo tão natural como ver os filhos crescer -- e, sobretudo, uma excelente oportunidade para continuar empreendendo.
Ao longo de 42 anos, Michelon dirigiu a Isabela, fabricante de massas e biscoitos, de Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha. Em 1997, a empresa foi comprada, por 37,5 milhões de dólares, pelo grupo argentino Socma, do empresário Francisco Macri. Michelon aceitou o convite para permanecer por mais um tempo como executivo. Dois anos depois, ao desligar-se em definitivo, era dono de um bom capital e de um longo histórico de realizações à frente de uma marca sólida, lucrativa e líder de mercado no sul do Brasil.
Então, aos 65 anos, ele poderia muito bem ter se dado por satisfeito. Além disso, a necessidade de controlar a hipertensão e o diabetes tornava quase obrigatória uma redução no ritmo. Mas, dois anos depois, lá estava Michelon de novo às voltas com uma iniciativa inovadora para sua época -- um hotel voltado para o potencial turístico da região vinícola do Rio Grande do Sul. "Eu ainda tinha vontade de empreender", diz ele.
A Villa Michelon ocupa uma área de 23 hectares em Bento Gonçalves. Há uma grande área de mata nativa, com duas trilhas ecológicas. As atrações para os turistas incluem um memorial que conta a história do vinho, um parreiral modelo, uma minifazenda, um pomar e uma horta orgânica. O complexo faturou 2,6 milhões de reais em 2007 e deve ultrapassar os 3 milhões de reais em 2008. Os resultados atraíram outros empreendimentos -- hoje já há pelo menos mais quatro do gênero na região.
Numa época em que pouca gente no Brasil sabia o que era enoturismo, Michelon encarnou o típico espírito empreendedor. Ele viu no Vale dos Vinhedos, região que concentra a produção de vinhos gaúchos, potencial para fazer no Brasil um hotel como os das vinícolas da Europa. "Em todas as regiões produtoras de vinho do mundo há oportunidade para o turismo", diz Michelon. "No Brasil também deveria haver." Com esse pensamento, investiu 7 milhões de reais no novo negócio, que, de certa forma, representou uma volta às origens. Filho de agricultores, ele conviveu na infância com a produção artesanal de vinho, comum em muitas propriedades no Sul.
Apesar das diferenças entre fabricar massas e biscoitos e hospedar turistas, a experiência acumulada em mais de quatro décadas como empresário ajudou. "De certo ponto de vista, não há muita diferença entre administrar um hotel e administrar qualquer outra empresa", diz o professor Roberto Stern, especializado em gestão de negócios do turismo da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas. "Os bons fundamentos de gestão adquiridos por um empreendedor quase sempre podem ser transportados ou adaptados a diferentes negócios." Entre as práticas trazidas da antiga empresa estão as ligadas à gestão de pessoas. Os funcionários da Villa Michelon, por exemplo, são remunerados de acordo com um sistema de avaliação de cargos e desempenho derivado daquele aplicado na Isabela.
Ao tomar a decisão de vender o negócio, Michelon diz que estava pensando no futuro das duas filhas e nas disputas que elas poderiam ter de travar na empresa com os herdeiros dos demais acionistas. Com o passar dos anos, a expansão da Isabela tornou-a complexa demais. Na época da venda, o empreendimento já contava com 43 sócios, que foram sendo agregados à medida que a marca se fortalecia. Estava cada vez mais difícil definir como seria a sucessão e o papel que caberia aos muitos herdeiros. A necessidade de a Isabela reinvestir seus lucros para continuar crescendo e o desejo dos acionistas em obter retorno financeiro também eram fonte de conflitos. Para além dos muros da empresa, havia um forte movimento de consolidação no setor. Para companhias de porte médio e de atuação regional, caso da Isabela, o momento era de grande risco. Hoje, Michelon já não precisa se preocupar com divergências entre sócios de diferentes famílias. Os únicos interesses a ser conciliados, diz ele, é com sua mulher, Leonora, e a filha Elaine, que participam da gestão do hotel.
Comparado à velocidade com que a antiga empresa se desenvolvia, o ritmo de evolução da Villa Michelon é mais lento -- o que pode ser considerado normal, dada a diferença de maturidade dos dois tipos de negócio e os desafios típicos de algo pioneiro. Mas o crescimento é consistente. No primeiro ano, a taxa de ocupação foi pouco mais de 20%. No segundo, já subiu para 35% e no ano passado foi de quase 60%. "A colheita dos resultados é mais devagar do que na época da Isabela, mas os lucros estão aparecendo", diz Michelon. "Eu me sinto muito feliz por tudo o que fiz."
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